30.4.09

Você, banca!?

Innsbruck.Áustria - por meus olhos

São pessoas que te olham e julgam. Mas elas te olham mesmo ou só julgam?
Conversas a parte, como se aquela “cu-rriola” fosse a única coisa importante. Como você me disse, com o queixo no peito. Será que participam de um alongamento coletivo, fico eu a analisar. Será que enxergam além dos óculos? Eu consigo ver, com meus olhos de arquiteta, elas têm cabresto. O do cavalo.
Se ao menos pudessem olhar com a alma. Mas e se os olhos da alma também têm catarata!? Não adianta, nunca veriam a coisa como ela é. Não ouvem, nem sequer, os sons da contemporaneidade.
E eu também julgo. Diria com meu ar de aquariana, elas não sabem de nada. Nada além do seu tempo. Aquele antigo, do Lago dos Cisnes. Se eu tivesse alergia, sairia espirrando. É muito ácaro!
Posso julgar mais um pouco? Não diria julgar, mas olhar as coisas como elas são. Ou pelo menos como se apresentam. Se existisse verdade, não seriam 2 minutos e 47 segundos o tempo de se tornar um profissional. E seriam 5 anos de faculdade? Ou uma vida inteira.
Então fico descobrindo, a cada nova experiência. Está muito calor com este cobertor em cima de mim. É outono e os dias são leves, apesar de frescos.
Se eu puder ir mais além, consigo vê-las como vejo minha vó: fofinha e ás vezes um pouco rabugenta. A maneira como recebeu as experiências da vida a tornou assim. Afinal, tudo é uma questão de ponto de vista! Mesmo que se tenha 70 anos e a visão já não é mais a mesma.
Como serão as suas casas? Eu sinto cheiro de casa de vó. Geladinha e sombria. Mas olha o sol que entra pela cozinha! Elas também têm aconchego. Só não sei qual que é, mas elas têm.
Isso já não importa mais. Foi, muita importância, um dia. Agradeço, sempre me mandam pessoas que tem algo a mais. Uma palavra, um gesto, um sorriso. Ali dentro mesmo daquele círculo. E o hoop sempre presente!
Obrigada!


PS. Por isso que eu amo a arquitetura européia!

AÇÚCAR

Hot coffee in a cold day - por Sennur Hökelekli

E açúcar tem acento? Talvez tenha um assento gostoso, destes que faz a vida parecer perfeita e cheia de entusiasmo. Destes que te abraça quando você mais precisa de um descanso. Descanso dos dias, descanso das pessoas, mesmo que estes sejam bons. Bons de conviver, de conversar, tão bons ao ponto de me ensinar e me fazer ensinar. E o dia continua lindo.
Que a única coisa necessária seja um respiro. Sabe quando se anda no parque? Sabe quando se passeia na praia? Observando as ondas que deslizam tão suave quanto belas!?
A xícara de café continua vazia. Enche e esvazia. Uma mania adquirida pelas pessoas comuns. Hoje em dia todo mundo toma uma xícara de café. Um significado para as segundas intenções. Uma conquista, um novo cliente, um afago nos nervos, uma promoção. Nestas horas eu odeio te convidar para um café. Aliás, eu nunca convidei ninguém para um café. Destes, com intenções “chulas”. Cheira chulé!
E sempre me ensinaram isso. Pessoas, pessoas e pessoas (preferi omitir a procedência). Ao que toda vez, rejeitava esta ação. Mesmo que não me falassem por mal. Sei que não.
Mas com a sutileza dos que tem pureza no coração, eu aprendi a admirar uma mesa das 4 da tarde. Numa conversa singela, num carinho ao esquentar a água no fogão (na simplicidade da vida não-moderna), no colocar o pó: “Vou passar um café”. Ai ai, isto me faz inspirar!
Aquela coisa preta, nem tão gostosa assim, deslizando para a xícara, e as palavras sinceras saem, o sorriso simples aparece, a união das pessoas ao redor da garrafa térmica, ou seja lá aonde for que esteja. Arrepia meus sentidos, emociona meus olhos.
Permita-me mergulhar nesta tinta, borrando-me com este cheiro delicioso, para assentar minha alma no fundo da xícara, aonde adormece o açúcar tingido de preto.


PS. Ando feliz com a minha primeira cafeteira!

28.4.09

Fase poltrona

absolutelybeautifulthings.blogspot.com

Se existe vontade, já existe alguma coisa. Mesmo que esteja ainda flutuando por cima da minha cabeça. Ou pode estar em baixo de mim mesma. De que lado esta bolha vem? E por que você acha que é uma bolha, se não existe clareza do que seja, nem uma cor que indique o sabor, nem uma sombra que sugira o formato, será áspero?
Mas que mania de querer pegar. Mas que mania de sinestésico. Quantas broncas já levei em museus. Broncas de diversas línguas. Eu não experimentei, só ouvi mesmo.
O que não me permite parar, eu sempre quero tocar. Qualquer coisa que seja. Mesmo que o toque não interfira na propriedade da coisa. Mas que coisa!
Desculpe, são as bolhas. Elas não adquiriram matéria ainda, e eu fico aflita porque sei, de certa maneira, quem são elas... só que não posso explicar. Eu não sei. Só sinto o que seja, da onde vêm e para onde querem ir. Usam-me como canal. Ainda bem que minha freqüência é boa, quase sempre.
Se me permite, desejo esperar. O momento propício para a tal se manifestar. No lugar certo. Você sabia que tudo tem seu lugar certo? Mesmo quando se está perdido, como o balão de ar, que voa longe. Uma ansiedade que se torna explosiva e eu preciso mastigar. Qualquer coisa gostosa. Mas e que lugar é este que vem e não chega?
A sensação é tudo. Eu posso ser bela e esbelta, mas uma mordida no chocolate ( nunca soube se já comi uma barra inteira) e a loucura torna-se viva dentro de mim, acreditando que minhas medidas cresceram. Torna-se agonia, mas só dentro de mim. Fora nada mudou. Nem um centímetro. Só não chequei as gramas.
E o dia está belo: um sol lindo numa tardezinha de outono. Eu poderia estar lá fora, fazendo mil coisas. Produzindo, indo de cá pra lá e de lá pra qualquer lugar, que não fosse aqui dentro. Por que acreditamos que a vida louca, louca vida que não pára, nem um segundo sequer, seja a verdade? A verdade é que aqui dentro é muito confortável. È quentinho, e tem uma poltrona linda debaixo da janela. E eu posso observar. Eu gosto assim e gosto do que vejo.
Como um bicho que fica na espreita, só aguardando o momento exato de agir, fico aqui sentindo as bolhas (boas). Na ansiedade de já estar ali e no aprendizado de que tudo tem sua hora. Será às 11:11? Quem sabe às 16:10. Adoro às 4 horas, hora do café que nunca tomo, mas sinto seu cheiro.

27.4.09

Aconchego


www.designerguild.com

Me faz abraçar num dia de inverno
O sol de outono que aquece o corpo
e o vento frio que compõem o cenário
E é livre
Dançando num quarto ao som de nós dois
Sentada na poltrona de livro e chá nas mãos
O óleo de banho que desliza
como a gota de chuva na janela do carro
Me faz observar cores, sombras e texturas
no edredom macio
na pele do seu rosto
no olhar de amor
A lágrima que derrete pelo pequeno espaço
reformando numa planta livre
Sem barreiras
Me faz sentir o tempo
de flores belas num vaso fofo
"coisinhas" que me derretem em criança
O azul royal
O verde limão
O rosa, a cor do meu coração
Puro e infantil, quase sempre
Me faz sorrir
na leveza de ser feliz
na areia que acaricia o pé
na tarde que tem cheiro de café
Hummm. . . como me faz feliz assim
a mordida no bolo de fubá
o sol que entra pela cozinha
o focinho gelado da "mocinha"
E o que falar da companhia do sol
observando as árvores floridas
o conjunto de casinhas
o ateliê de pintura
Me faz bem numa tarde floral (tem biscoito de laranja e suco de limão)
tantas imagens belas!
Me faz apaixonar
pelo nascimento de três vasinhos lindos
- E o dia que começou chuvoso fez germinar flores.