3.9.10

Wild Wind

Às vezes insiste-se em segurar o vento entre as mãos. Agarramos com tanta força que a única coisa que se faz é perder a força, completamente. E fica-se assim, à toa, a espera do fim, fim que nunca chega. A espera angustiante de qualquer sinal, qualquer estrela que brilhe no céu para ouvir que está tudo bem.

Como num vulcão adormecido, a força é tão imensa que mesmo sem expressar rasga a pele, saindo pelos poros e tingindo das cores mais belas, as que explodem em minha mente. O que deveria fazer se não aceitar o fim. São tantos finais que já deveria ter se acostumado a dizer até mais. Até logo, breve, num novo acaso. É a vida que age e nem sequer pede licença. Saberia ela o que se passa num coração que vive crescendo e explodindo? Há tanto amor que por ironia tem-se privado disto. Como se ele só reconhecesse as suas digitais, o seu zunido, o seu calor.

E o que pulsa já nem é mais a verdade, neste instante. A verdade do que foi, porque assim tem se feito convencer, de que isto não serve mais. Afinal, para que serve um sentimento se não pode ser dito, nem expressado? Entope tudo. Entope até pensamentos, ao fim de se embolar, feito luzinhas de Natal. Ao que amo desfazer nós, já não tem a mim a paciência. Tanto tempo já. E a vida insiste em me fazer surpresas, em me despertar brisas e lua cheia.

Tudo muito injusto, quando só se queria viver o que se sente. E nada a mais.