30.4.09

AÇÚCAR

Hot coffee in a cold day - por Sennur Hökelekli

E açúcar tem acento? Talvez tenha um assento gostoso, destes que faz a vida parecer perfeita e cheia de entusiasmo. Destes que te abraça quando você mais precisa de um descanso. Descanso dos dias, descanso das pessoas, mesmo que estes sejam bons. Bons de conviver, de conversar, tão bons ao ponto de me ensinar e me fazer ensinar. E o dia continua lindo.
Que a única coisa necessária seja um respiro. Sabe quando se anda no parque? Sabe quando se passeia na praia? Observando as ondas que deslizam tão suave quanto belas!?
A xícara de café continua vazia. Enche e esvazia. Uma mania adquirida pelas pessoas comuns. Hoje em dia todo mundo toma uma xícara de café. Um significado para as segundas intenções. Uma conquista, um novo cliente, um afago nos nervos, uma promoção. Nestas horas eu odeio te convidar para um café. Aliás, eu nunca convidei ninguém para um café. Destes, com intenções “chulas”. Cheira chulé!
E sempre me ensinaram isso. Pessoas, pessoas e pessoas (preferi omitir a procedência). Ao que toda vez, rejeitava esta ação. Mesmo que não me falassem por mal. Sei que não.
Mas com a sutileza dos que tem pureza no coração, eu aprendi a admirar uma mesa das 4 da tarde. Numa conversa singela, num carinho ao esquentar a água no fogão (na simplicidade da vida não-moderna), no colocar o pó: “Vou passar um café”. Ai ai, isto me faz inspirar!
Aquela coisa preta, nem tão gostosa assim, deslizando para a xícara, e as palavras sinceras saem, o sorriso simples aparece, a união das pessoas ao redor da garrafa térmica, ou seja lá aonde for que esteja. Arrepia meus sentidos, emociona meus olhos.
Permita-me mergulhar nesta tinta, borrando-me com este cheiro delicioso, para assentar minha alma no fundo da xícara, aonde adormece o açúcar tingido de preto.


PS. Ando feliz com a minha primeira cafeteira!

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